Atravessando o Jardim Municipal, encontra-se a praca de toiros de Arruda. Antes desta existiu uma outra praça de madeira, mas os sinais da sua existência diluiram-se no tempo. Apenas uma ou outra velha foto testemunham a sua existencia. A actual praça foi inaugurada no ano de 1925, cuja construção foi impulsionada pela então chamada Uniao Tauromáquica Arrudense – sociedade anónima registada a 10 de Outubro de 1922, no Cartório Notarial de Arruda. A União teve como fundadores: Jose Vaz Monteiro. Armando Munhoz Bastos da Fonseca, Joaquim Jose de Azevedo e Silva, Armando Augusto de Azevedo e Silva, Antonio Alexandre Luiz Louro, Augusto da Silva Nunes Guedes, Salvador Alexandre Leal, Feliciano Augusto de Mendonça, Augusto Vaz Monteiro, Tito de Bourbon e Noronha, Antonio Bernardo de Miranda, Diniz Martins Coelho Lobo, Joaquim Soares e Inácio do Nascimento (representante da Camara Municipal). Nos estatutos da União Tauromáquica Arrudense, lê-se: “Os fins são manter uma praça de toiros em terreno para esse fim, cedido pela Camara Municipal, no campo da feira. Prover o seu acabamento e a sua conservação e explorando-a quer directamente, quer por cedência a outra entidade, constando que se salvaguarde a realização anual de duas corridas tauromáquicas por ocasião da feira anual de Junho e uma por ocasião da festa de Agosto, nesta vila quando se realizarem.” (…) “A sociedade deverá por tempo indetermina-do e enquanto puder, manter a praça em estado da realizacao de corridas tauromáquicas.” (…) “O capital social é de treze mil e oito-centos escudos, constituido por acções de dez escudos cada uma, podendo haver titulos de uma, cinco, dez, vinte, cinquenta e cem acções. O capital poderá ser ampliado se se reconhecer insuficiente para o acabamento da praça de toiros.” (…) “Haverá uma direcção e um concelho fiscal, aquela de cinco membros e este de três membros, eleitos de entre os sócios e servindo por três anos.”
Entretanto, como proprietária, a Camara Municipal reconstruiu a praça no ano de 1961, passando a ter capacidade para 2790 espectadores. Era então presidents José Marques Simões. Apesar de hoje muitos aficionados desconhecerem, pois não está identificada, a praça passou a levar o nome de “José Marques Simoes”. Embora não existam registos do cartel inaugural, sabe-se apenas que a corrida da reinauguração – a 24 de Setembro – presidiu o Dr. Osório Vaz, Governador Civil de Lisboa. A então revista anual “Vida Ribatejana” acompanhou a corrida: “Praça à cunha! Lidaram 8 bravos toiros do sr. Julio Borba, os cavaleiros João Núncio, D. Francisco de Mascarenhas e David Ribeiro Telles e os amadores José Samuel Lupi, José Barahona Núncio e José Maria Cunha e Carmo; os espadas Marcelo Acosta, mexicano, Eduardo Abularach, da Guatemala, e o vilafranquense Joaquim Barroca. O Grupo de Forcados Amadores de Santarém, capitaneados por Rhodes Sérgio, pegou os toiros destinados à lide a cavalo. Foi uma boa tarde de toiros, a de 24 de Setembro de 1961, na nova praça de Arruda dos Vinhos.”
Actualmente, as tradicionais datas taurinas estao integradas na festa maior da terra – 16 e 17 de Agosto. Pelo tauródromo arrudense já passaram as principais figuras nacionais do toureio a cavalo e do toureio a pé. Os espectáculos são agora maioritariamente corridas à portuguesa. De novo, transcrevendo a revista vilafranquense (decada de 60): “No referido tauródromo tem-se exibido grandes figuras do toureio e sempre os aficionados arrudenses as apreciam devidamente, não deixando de exteriorizar o seu agrado quando artistas de menor categoria ou simplesmente amadores, ali vão animar os espectáculos taurinos. Foi na praça de Arruda dos Vinhos – não se esqueceram mais os aficionados – que, há anos, se desenrolou a tragédia em que perdeu a vida o saudoso aficionado e forcado amador de grande categoria, o infortunado Laurentino Pereira. Ao fazer uma rija pega que muito entusiasmou a assistência, uma bandarilha soltou-se do morrilho do toiro e cravou-se-lhe no pescoco, cortando-lhe as carótidas! Foi um dia de luto para a aficion portuguesa e para Arruda dos Vinhos. O triste caso deu-se tambem por ocasião das festas de Agosto, que logo terminaram. Ninguém mais teve vontade de se divertir. Ainda hoje em Arruda se recorda com amargura o lutuoso acontecimento. 0 ano passado, além da corrida, houve uma largada de toiros, que deu ocasião a uma manhã de vivo entusiasmo nas principais ruas da vila, registando-se até o pitoresco caso de um dos bovinos cair no tanque do seu grande chafariz e ali ser alvo duma pega aquática (…) Outras peripécias se presenciaram, e o povo diverte-se a valer. Ou nao fosse Arruda dos Vinhos uma terra onde a festa brava sempre teve o melhor dos acolhimentos, terra amiga e vizinha que não deixa morrer as suas tradições.”
Pela praça de Arruda também já passaram inumeras empresas: Alberto Moreira; José Vidal Guerra; Valério A. Salgueiro; Alfredo Ovelha, Lda.; Segarra Espectáculos, Lda.; Empresa Taurina Courage, Lda.; João António de Carvalho Mascarenhas; José Lino; Organizações Taurinas “3 Tércios, Lda.”; Carvalho e Coutinho; Carvalho, Lda.; José Agostinho dos Santos; V.R S Associados, Lda. e, últimamente, o Clube Tauromáquico Arrudense.
A praça “José marques Simões” é hoje uma referência no mês de Agosto!
Fonte: http://opiriquita.no.sapo.pt/pracadetoiros.html