“Em Portugal, os pelourinhos são todos no interior das vilas e cidades, e quase sempre diante da casa da câmara; ao contrário da forca, que estava fora da povoação, e em lugar alto para que pudesse ser vista e aterrar os malfeitores.
No antigo livro das fortalezas, que está na Torre do Tombo, feito por Duarte d’Armas, pintor del-rei D. Manuel, há muitos pelourinhos. Os de Sabugal, Castelo de Mendo, de Mogadoiro e Penaroia, têm a mesma forma dos pelourinhos franceses, o que para mim foi novidade. Todos eles têm gaiola ou guaritas para a exposição dos criminosos. Todos os que tenho visto constam de uma coluna, donde saem quatro ganchos de ferro, tendo na extremidade uma argola e uma cadeia; em cima, uma coroa ou um capitel. O de Coimbra termina em cutelo. A gaiola do da Arruda é quadrada. O pelourinho da Batalha é mui bem lavrado, assim como o de Cintra e de Alverca.
A palavra picota significa, em linguagem judicial e municipal, o sítio onde se expunham os criminosos, e se lhes infligiam as penas impostas pelas autoridades locais. Na Ordenação Alfonsina, livro I, título 28, mandava-se que os padeiros, carniceiros, regateiras etc., que furtassem no peso, fossem postos na picota. Uma postura da câmara de Vizeu, de 1304, manda que todo carniceiro, padeiro etc., que tiver pesos falsos, pague cinco soldos, e “ponham-no na picota”.
Os pelourinhos servem hoje para afixar os editais municipais e judiciais, os anúncios fiscais etc.
Em 1833, à imitação do que se fez em França, no tempo da Revolução, arrancaram-se os ganchos de alguns pelourinhos, para apagar a lembrança do préstimo que tinham tido.
Hoje, os pelourinhos apenas são o emblema da jurisdição municipal”