“Que esta espantosa scena de perjurios, e de infamias se observe tantas vezes em França, não me admiro, attendida a força do Maçonismo na volubilidade Franceza; são cortio forão os Judeos, na recepção de Luiz X VIII, e na exaltação de Carlos X. Ramos de Palma , ramos de Oliveira, quando entra J. C. em Jerusalem; dahi a pouco huma Cruz para ô fazerem sahir de Jerusalém, e da vida. Espanta-me mais que tudo isto o que na força armada tenho observado em Portu* gal. Dez annos me tem offerecido á contemplação cousas, que me nãõ offerece o longo traeto de sete seculos. O periodo de dez annos me parece muito longo, basta-me o periodo de quatro annos. Eu vi com os meus olhos, e li em alta voz o original da propria letra do Auctor, com sua propria assignatura, as Instrucções que o Mestre de meninos da Villa d’Arruda, Candido Jose Xavier, hoje banido, dava ao banido tambem hoje, e sempre Commandante do Exercito de Operações, para se constituir a si, e o rnesmo Exercito debaixo das ordens de Guilherme Henrique Clinton, e operarem os exercitos combinados contra os Portuguezes: isto parece incrivel, mas eu sei onde pára este documento originalissimo; mas tal foi a consequencia da mais que todas maligna revolução de 1826, que obrigou soldado» Portuguezes a se rfibellarem, e desconhecerem hum Rei Soldado, e o legitimo Rei dos Portuguezes. Estas manchas não se lavão senão corn o sangue Maçonico. Aqui rne gritaráõ os Hypocritas da Realeza; — Moderação, moderaçao. -=- Que he isto?
Mal conhecem aquem tanto gritão!! Pois moderação com o sangue , que tanto derramou , e ainda procura derramar o nosso, e quer invalidar a iagrada forca da omnimoda acclamação legal do Povo Portuguez! Haja embora hum acto de clemencia, mas não queirão que seja huma prova da Legitimidade. Augusto Octaviano abraçou a Cina, mas Augusto era-hum velhaco, não era hum Imperador; para comprazer a Antonio, deixa que se degolle Cicero. O Triunvirato não era Rei, e aquella victima valia mais que o Imperio.”
Fonte: “O desengano”, periodico politico, e moral, número 5, página 7, 30 de Outubro de 1830
Autor: José Agostinho de Macedo